quarta-feira, 18 de março de 2009

Exatas versus Humanas (ou a ciência e a filosofia)

Eu sempre fui meio indignado por não saber muito de matemática. No colégio eu passava por média (cheguei a pegar exame uma vez) normalmente, mas nunca fui dos bons mesmo. Tivemos na oitava série um professor de matemática que chegava para a aula somente com um pouco de giz. Dava show. Pros outros. Sim, porque todo mundo dizia que ele tinha sido o melhor professor de matemática até então, mas pra mim não tinha mudado nada, foi aí que eu percebi que meu destino não tava ligado a ela. Isso tudo só pra dizer que eu cedo descobri que gostava da área das humanas, por eliminação das exatas. Quando eu era guri, dizia que ia ser "Engenheiro Eletrônico" (porque parecia uma profissão beem difícil e que ia impressionar as visitas lá em casa), sem saber que ia ter de saber muuita matemática. Mas eu era um guri cheio de idéias, de invenções na minha cabeça. Queria ser inventor também. Uma vez imaginei uma bicicleta em cima dum bote (cheguei a desenhar o troço) pro cara pedalar na praia do paredão (em Lavras, óbvio) rio acima nas pescarias. Tempos depois, vi a minha "invenção" no lago negro, em Gramado – o pedalinho. Ao ver a minha irmã passando cera (e trabalho) ajoelhada no chão, imaginei uma espécie de vassoura com o cabo oco, dentro do qual a gente poria cera líquida que passaria por uma esponja na ponta e faria o trabalho mais facilmente. Só descobri uns anos depois que tinham realmente inventado isso, pois já estava à venda. Um tempo atrás li nalgum lugar a seguinte frase: "A necessidade é a mãe da ciência..." Claro! Ou então essa, espia só: "A preguiça é a mãe do progresso!" Se ninguém tiver preguiça, ou necessidade de fazer algo mais rápido ou melhor ou com menos custo, nada acontece! Daí me dei por conta que sim eu poderia ser um inventor (ou que sou muito preguiçoso). Devo creditar essa imaginação fértil também às condições do meio. Sempre tive livros à disposição lá em casa e um galpão cheio de tralhas do meu pai, que ele deixava mexer e fuçar em tudo. Especialmente em dias de chuva, quando a Globo saía do ar (o único canal na época) eu ia pro galpão e ficava olhando aquilo tudo e pensando "o que eu vou inventar hoje...?" Imagina só isso hoje em dia! Criança "brincando" com ferramentas! De jeito maneira! Meu pai: "...tu fica dando brinquedo pra esse guri e ele desmancha tudo, e ainda diz que é pra ver o que tem dentro..." Mas a mãe nem ligava, dizia que um dia o guri ia montar alguma coisa e de fato acabou acontecendo. Depois de umas aulas de marcenaria, cheguei a fazer uns brinquedos, me lembro duma carregadeira de madeira e plástico, com peças de outros brinquedos, que funcionava e tudo...
É... se por um lado as exatas te dão os meios, a técnica, o "como fazer,"sou mais é das humanas mesmo, que te ajudam a descobrir o "por quê fazer." É mais trabalhoso descobrir o porquê das coisas, porém mais revelador. Pense nisso.

Um comentário:

  1. eu tenho 15 anos e me identifiquei muito com esse texto.. ainda to com uma dúvida tremenda em qual das duas eu escolho ano que vem, exatas ou humanas.. na verdade eu odeio matemática e contas, por isso deveria escolher as humanas, mas não sei se isso vai valer a pena no futuro, se é que me entende.. parabéns pelo blog!

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