sexta-feira, 27 de março de 2009

Todos os holandeses são pão-duros (Generalizações em geral)

Um dia desses, eu falei em sala de aula sobre um fato acontecido durante uma viagem que fizemos à Europa em 1997 com um grupo de dança de Lavras, a "Companhia de Dança Lavras do Sul,"da qual fiz parte como vocal e tradutor-intérprete nessa ocasião. Foram cinco semanas muito divertidas, quando nos apresentamos mais de trinta vezes (!), em diversas cidades na Holanda, na Bélgica e por último na Alemanha. Fomos hospedados em casas de família, então convivemos com essas três culturas bem diferentes da nossa. Ficamos em duplas em cada casa, cuja seleção levou em conta preferências individuais, hábitos e a própria organização da casa. Assim, quem fumava ficou em casas de pessoas que fumavam ou toleravam o fumo, rapazes ficaram em casas com filhos, meninas nas casas com filhas, etc.
Na "minha" casa, tudo correu bem. Não se passou lá o "fato". Em tempo, eu era o único que falava inglês de todo o grupo (na primeira noite que passamos lá o telefone da "minha"casa não parou um minuto, com o tempo os gestos resolveram na maioria das vezes...). Na casa onde ficaram duas meninas, cujos nomes não vem ao caso citar, passou a seguinte "cena" na hora da janta: À mesa, a mãe holandesa, seus dois filhos e as duas brasileiras. O cardápio era almôndegas. Isso mesmo, só almôndegas, bem grandes até, acompanhadas duma salada, no máximo. Essa história de vários pratos na hora das refeições é coisa de brasileiro. Bom, uma das meninas já havia comido uma almôndega e levou a mão em direção da panela no centro da mesa para se servir de novo. Daí o inesperado: quando a mão da menina estava esticada, quase chegando lá, a mãe da casa deu um leve tapinha em cima da mão da pobre dançarina desavisada, que não havia contado quantas almôndegas havia na panela. Junto com o tapinha veio a frase: "five people, five meatballs!!", ou em bom português: "cinco pessoas, cinco almôndegas!" (...) A coitada não sabia onde se esconder, pobre. "Não é vergonha matá a fome!", diz sempre um amigo meu. Deve ter ficado um clima daqueles...
Os belgas contavam piadas sobre os holandeses, seu gosto exagerado pelo dinheiro e sua pouca disposição para gastá-lo. Uma que lembro era:
"_ Como tu faz pra colocar 20 holandeses dentro de um Citroen (aqui seria
um fusca)?
_ Joga uma moeda lá dentro!"
Ou senão essa:
"_ Como faz um holandês pra tomar sopa de tomate?
_ Enche uma tigela vermelha com água quente!"
E outras tantas piadas, que para serem piadas, devem ser generalizantes, ou seja, se um faz, todos fazem igual. Tem uma frase que eu adoro: "Todas as generalizações são falsas, incluindo esta!"
Como fugir das generalizações? Professores são sempre pacientes. Médicos são ricos. Pessoas são obesas porque comem demais. Atletas não fumam. Designers são gays (como pregam os pessoal do Pretinho Básico, da Atlântida). Oficina mecânica é sempre suja. Hospital é sempre limpo, e por aí vai...
A saída é não emitir opiniões sobre o grupo, e sim sobre o individuo, o particular. Dessa maneira comete-se menos gafes. Mas que cinco almôndegas pra cinco pessoas soa mal. Pode até ser certo na matemática, mas que parece "pão-durismo", parece!

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