terça-feira, 22 de setembro de 2009

Garantia da Lei e da Ordem

Por mais que já tivesse participado de ações desse tipo diversas outras vezes, para o soldado Peçanha essa missão parecia abrigar alguma coisa diferente. Algo que ele não conseguia bem definir, um pouco porque sua mente estava povoada de imagens confusas, que iam e vinham incessantemente como num comercial de tv enlouquecido e também por causa do barulho irritante que um companheiro seu fazia com sua caneta, aquele “clic” inocente que somente é necessário para projetar para fora a ponta da esferográfica, mas que muita gente esquece e fica com o polegar opositor acionando diversas vezes, numa tentativa em vão de liberar a tensão “pré-estréia.” O teatro de operações não tinha nada de glamuroso. De fato, nunca tinha. Quase sempre a mesma receita: Blindado + Uniforme preto + inimigo/tiros traçantes= GLO! O governo federal havia acenado com a possibilidade de lançar mão desse ultimo recurso para tentar conter a onda de violência que assolava o Rio de Janeiro no longínquo ano de 2003. Agora em 2017, o batalhão GLO já havia se incorporado à paisagem urbana da cidade (agora não muito) maravilhosa, como uma presença tão comum no dia a dia como o pipoqueiro da esquina da praça. Sentados à volta, fuzis em punho, os outros apresentavam cada um expressões faciais que após anos de convivência, podiam ser literalmente lidas sem a menor dificuldade. Havia um combatente por exemplo, que Peçanha agradecia a Deus por pertencer às mesmas fileiras, dado seu gosto por violência explicita e sua habilidade no manejo de armas de qualquer calibre. “Se alguma mãe tiver que chorar à beira de um caixão no fim do dia, que seja a de algum desses porcos traficantes, não a minha...” costumava dizer o soldado T, cujo nome era desconhecido mesmo para os integrantes daquela patrulha. Mais um dia, ou melhor, noite. Mais uma barricada de pneus e/ou carros pegando fogo que o blindado ia varrendo invariavelmente sem o menor esforço. Essa missão tinha como objetivo chegar o mais próximo possível do topo do morro do caboclo, na já conturbada zona norte. Não seria primeira vez que o estado tentava ocupar posições nesse ponto estratégico da cidade, na expectativa de prejudicar a distribuição de armamento e drogas que partiam aos borbotões através dos aviões do tráfico. Estes nada mais eram que crianças que não havia conhecido os próprios pais e que eram empregadas pela organização criminosa para dar o alerta quando da chegada de alguma viatura da policia. Também transportavam a droga até o asfalto, onde negociavam com os mais ilibados membros da alta sociedade carioca mercadorias que variavam de drogas a programas com adolescentes, passando por órgãos humanos. Os aviões eram usados porque a legislação vigente não podia detê-los, pois eram menores de idade. Os chefões mesmo, esses quase não saiam do morro. Controlavam tudo através de um bem esquematizado sistema de comunicações de causar inveja. E duravam pouco. Tinham na sua maioria entre 20 e 30 anos de idade. Tudo isso era de conhecimento dos partícipes do “passeio” de blindado. E contava pontos para os boinas pretas, que haviam saído vivos (mas não ilesos) de vários combates, adquirindo assim experiência, que o lado de lá não tinha. O desembarque foi sob uma chuva de projéteis traçantes que iluminavam a noite escura sem iluminação pública, cortada pelos próprios traficantes e que demonstrava o poderio de fogo que os aguardava. Sem a possibilidade de apoio aéreo, já que a única aeronave preparada para tal operação encontrava-se destruída no meio da mata após o abate inesperado da semana passada que havia causado a morte de valorosos integrantes da força terrestre, o jeito era seguir em fila indiana, em silêncio, comunicação gestual, pelas vielas estreitas e becos labirínticos que só faziam dificultar as coisas, adicionando um tempero extra, nas palavras do soldado T. Através do GPS, as coordenadas da localização da boca de fumo haviam chegado, enviadas pelo setor de inteligência da corporação a tempo de prevenir baixas desnecessárias. Após uns 20 minutos e de algum progresso feito em termos de aproximação do alvo, a bala comia adoidado: Fogo à vontade – o comando que todos haviam esperado chegara para o deleite do soldado T e para o pânico da população local, forçadamente envolvida naquela desgraceira toda. Estrategicamente encostado em uma porta de madeira de sofrível resistência, após um movimento brusco para se esconder, o soldado Peçanha sem querer derrubou a entrada de um barraco com o peso de seu corpo somado à grande quantidade de armamento que levava consigo. Ao cair, foi atingido duas vezes. A primeira de raspão perto do pescoço abaixo da linha do capacete de kevlar. Sua jugular havia escapado por um triz, mas o mesmo não se podia dizer de sua coluna lombar. Nesse mesmo momento deixava de sentir gradualmente os movimentos de suas pernas, o que também paralisou o seu raciocínio. Sabia que ia morrer. Na melhor das hipóteses, ficaria numa cadeira de rodas esperando um transplante de células tronco. O tiroteio havia cessado por alguns instantes, então resolveu gritar por ajuda com as forças que ainda lhe restavam, durante um lapso de tempo e de consciência. Perdeu os sentidos. Quando voltou a si, estava rodeado de traficantes que discutiam entre si, decidindo o que fazer com ele. Nesses segundos que pareceram horas, ainda teve tempo de lembrar o que comumente acontecia com os desafetos dos criminosos quando eram feitos reféns: um fim lento e doloroso precedido de horas de tortura sádica. Quando teve a revelação, não titubeou: na escuridão do barraco levou a mão ao cinto e acionou a granada que levava consigo e ... booom! Tudo ficou claro e horrivelmente quente em uma fração de segundo.
...

Nesse exato instante, numa cidade do interior do estado do Piauí, acordava de um pesadelo pra ficar na memória Jeremias Peçanha, um pacato carteiro, que mesmo depois de acordado ainda dava berros, empapado de suor, com as pernas dormentes e para o horror de sua companheira que passava a primeira noite junto dele, após um cineminha às oito e meia e uma pizza de gosto duvidoso. Em cartaz, Capitão Nascimento havia mandado ver naqueles desgraçados!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

BULL TERRIER

Cara, eu já era fã do meu cusco, o ROcky, mas depois desse vídeo fiquei mais ainda!!!
deem uma olhada:

Está em espanhol.

http://www.youtube.com/watch?v=BNHlNWHUgrk&feature=PlayList&p=4110D5D02C59ACAF&playnext=1&playnext_from=PL&index=25

domingo, 13 de setembro de 2009

vende-se!

Essa aí é a minha Burgman 125cc
Ano/mod: 06/06
+-6.000km / só andei na cidade.
Automática, freio a disco dianteiro.
Vendo por R$ 4.000