quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Opinião - Diário de Santa Maria

Segue uma crônica indignada que foi publicada no Diário um tempinho atrás:

A palavra “repórter” tem origem no termo em inglês com mesma grafia e que por sua vez, deriva do verbo “report”, que significa “informar”, “comunicar” e “denunciar”. É sobre essa última definição que eu gostaria de escrever.
Dados os fatos recentes dos atos ilícitos praticados por vereadores, o leitor mais atento ao que se passa na mídia já deve ter entendido o porque da escolha do verbo “denunciar”. Essa função, que muitas pessoas acham que deveria ser desenvolvida somente pelos “repórteres”, cada vez mais vem sendo desempenhada por pessoas comuns. Cidadãos que, por um acaso do destino muitas vezes, se encontram em situações incômodas e se deparam com a pergunta: Denunciar ou não? Chamar a policia ou esperar que alguém o faça? Reclamar ou calar?
Denunciar na maioria das vezes significa envolver-se com o caso, testemunhando, ou até emprestando seu próprio nome, como foi o caso da reportagem quando o repórter se fez passar por um vereador para infiltrar-se e conseguir as imagens. O senso comum aponta na direção do calar.
Mas muita gente começa a pensar diferente, o que é ótimo. Apesar de frases como esta: “O brasileiro é um povo pacífico” ou esta: “Os políticos não prestam mesmo...” “Eu não gosto de política...” mais e mais denúncias aparecem, talvez pelo advento da tecnologia dos celulares com câmera digital, ou das próprias câmeras digitais, cada vez menores e mais presentes na mão dos brasileiros.
O “não gostar” de política é que coloca pessoas com índole duvidosa a cargo do dinheiro público. O fato de acreditarmos que nenhum político presta nos faz escolher qualquer um na hora do voto. Pregar que o brasileiro é pacífico só faz manter a ordem das coisas como estão.
Se nós concordamos que os fatos são inaceitáveis, o próximo passo a dar é denunciar. Denunciar tudo. Quando se sabe que alguém faz algo errado, a pessoa se coloca numa encruzilhada: Não falar nada porque é amigo daquele que incorre em erro (saiba que está errando junto!) ou denunciar. Portanto o Brasil precisa cada vez mais de gente que tem coragem de se expor se necessário, e que frente ao erro, ao mau-uso e a safadeza, registra os fatos quando possível e procura fazer-se ouvir.
Transparência na administração publica e apuração rigorosa dos fatos, com a eventual punição dos culpados se fazem extremamente necessárias e todos podem e devem ajudar.
Faça a sua parte.


José Ferreira Machado Junior.
Professor de Inglês