terça-feira, 16 de novembro de 2010

Japa taciturno = zumbi de pijamas

Albergue M&J, Roma, Dezembro de 2004. Havíamos batido perna o dia inteiro, como bons mochileiros e, após a “janta” – sanduiches, pra variar – estava eu na salinha do albergue, tentando achar o que fazer. Tinha TV, internet (paga) e conversa fiada sobre as melhores barbadas, onde entrar de graça, dia certo pra pagar menos, etc. A Claudia no banho (banheiro comunitário no corredor, normal) e nossas tralhas jogadas em cima da cama beliche que usamos, ao lado de outras quatro beliches. Ao lado da nossa um casal de canadenses que liam grossos livros antes de dormir – que vergonha a minha, na época não era um leitor ávido, tampouco freqüente – e que igualmente deixavam suas coisas largadas por cima das camas na maior despreocupação, como costuma ocorrer nesses locais. Mas a história não é sobre roubo. Nesse ínterim, eu andava circulando pelo saguão do antigo prédio de quatro andares que abrigava o albergue quando fiquei em pé em frente ao “orelhão”, o telefone público à base de moedas que ficava numa parede entre a sala de TV e a cozinha, e fiquei lendo as instruções sobre como usá-lo, sempre fui de ficar lendo instruções e coisas em pôsteres e avisos, muito pelo fato de estarem escritas em outro idioma. Eis que veio aquele Japa Taciturno, um carinha de olho puxado, que eu por não saber direito a nacionalidade me referia como japa. Ele ficava caminhando pra lá e pra cá, despercebido. Então o cidadão veio e me interpelou: “Excuse-me!” que entendi que queria dizer que ele queria usar o telefone, que ficava num canto fora do corredor e então dei lugar para que ele usasse. Daí aconteceu o que me deixou confuso: O cara veio caminhando tipo um zumbi, de pijamão, passou em frente do telefone onde eu estava, fez uma curva pra direita e seguiu no corredor ao lado, sem nem parar pra nada. E eu, me perguntando: “Por quê que esse cara me pediu licença se eu não estava no corredor atrapalhando e se ele não queria usar o telefone?” Vai saber! Vai ver no inglês dele “Excuse-me” significa outra coisa!