quinta-feira, 12 de maio de 2011

Direito de ir e vir.

Cidades desenvolvidas pensam seu futuro com anos, quiçá décadas de antecipação. Não prevêem o futuro, simplesmente imaginam o que poderá ocorrer logo adiante e tomam medidas no agora, para não remediar depois. Dentre as várias áreas da administração pública, sempre chama a atenção dos moradores e também dos visitantes o trânsito de pedestres e veículos. Isto posto, fica claro o crescente aumento da intensidade do tráfego de veículos em Santa Maria, em especial na região central da cidade e na ligação entre o centro e a região leste. O governo federal, frente à crise de 2008, optou por isentar os consumidores do pagamento do IPI, o que reduziu o valor dos veículos, aumentou a quantidade de capital circulante e permitiu que o Brasil escapasse de uma recessão certa, mas acabou intensificando o problema da circulação de veículos nos centros urbanos, sendo São Paulo capital o exemplo mais drástico desse fenômeno. Quem andava de ônibus, comprou uma moto, quem andava de moto, comprou seu primeiro carro, quem andava de carro, comprou seu segundo carro para escapar do rodízio e por aí vai. Há algo de errado nisso? Muitos diriam que não, visto que vivemos num capitalismo livre, onde os sonhos de muitos muito freqüentemente se relacionam com ter algo, comprar coisas, adquirir bens de consumo. Porém, pensar a coletividade como um todo implica em tomar decisões nem sempre bem-vindas. Haja vista o exemplo do acima mencionado rodízio de carros em São Paulo e, mais localmente falando, o aumento de áreas centrais de Santa Maria onde é proibido estacionar. Como solucionar ou pelo menos amenizar um problema que só tende a piorar com o passar do tempo? Uma das linhas de ação plausíveis seria o investimento pesado no transporte público eficiente e de qualidade. Eficiente, com regras rígidas que exigem das concessionárias o cumprimento de horários e de freqüência adequada e com qualidade suficientemente boa que possa estimular o motorista individual a trocar o seu veiculo confortável no verão e no inverno pelo assento de um ônibus ou um trem. Tudo isso com um preço justo e flexível, visto que há diferentes públicos que usam o transporte público e de diferentes maneiras, dando margem a vários tipos de aquisição do bilhete, como por exemplo: por semana, por mês, várias jornadas de uma vez só, com possibilidade de recarregar o cartão/bilhete em vários locais, sendo todas as possibilidades supracitadas com vantagens diferenciadas, o que estimularia as pessoas a comprarem vários bilhetes de uma vez só. Um transporte público justo, honesto, inteligente, amplo e de qualidade, pensado com antecedência e bem fiscalizado pode ser a saída que precisamos para tornar a nossa cidade um lugar melhor e para garantir a todos os cidadãos o direito de ir e vir.