sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cotas

Eu acho impressionante o fato de que quem decide as coisas nesse país não tenha levado em conta o seguinte: as cotas discriminam! Simples e direto. Existe uma grave diferença de herança histórica entre os imigrantes europeus que sim passaram muito trabalho ao chegarem aqui, mas que não foi nada se comparado ao sofrimento dos africanos escravizados pelos mesmos europeus, hoje ditos desenvolvidos. É um fato inegável que essa divida histórica existe ainda hoje, pelo menos no Brasil. Uma alternativa às cotas raciais eu vejo como uma opção mais sensata a adoção das cotas sociais, com base em dados do IBGE e entrevistas sócio-economicas. Ao fazer-se desse modo, os maiores beneficiados seriam, atualmente, os afro-descendentes, por infelizmente ainda fazerem parte da parcela menos favorecida da população. Digo atualmente, porque após alguns anos desse tipo de política, e depois de verificados os novos dados do IBGE, que então mostrariam que a parcela da população de classe média estaria composta de cada vez mais afro-descendentes, o assunto poderia ser repensado e quem sabe as cotas sociais poderiam ser extintas, mas isso em um longo prazo, após uma real melhoria na questão da igualdade racial-social. Na verdade, tudo se resume ao poder econômico, não a questão racial mesmo, as pesquisas com o DNA das pessoas já provaram que somos todos exatamente iguais. Paralelo a tudo isso, óbvio é o fato de que a escola pública precisa urgentemente de uma maior atenção, em termos de infra-estrutura, tanto física, quanto de mobiliário humano, com melhores planos de carreira, salários mais dignos e estímulos para os docentes no sentido de seguirem se aperfeiçoando. As modificações que vêm acontecendo com relação ao acesso ao ensino superior através de várias opções diferentes (cotas diversas, ENEM, PEIES, etc) já são um sinal de que algo está em mudança, e em uma direção certa.

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